Educação 3.0

Educação 3.0

No mês passado, participei do III Congresso Internacional de Gestão Educacional em São Paulo no qual o tema principal era a Educação 3.0. O que vem a ser isso exatamente?  O professor Rui Fava, autor de um livro sobre o tema, foi um dos palestrantes que abordaram diretamente essa questão e ajudou a responder a essa pergunta. Resumidamente, podemos usar a citação de Ron Faulds e Barb Fardell para dizer que Educação 3.0 é aquela que dialoga com a sociedade interconectada atual e que tem a difícil missão de “preparar estudantes para empregos que ainda não existem, usando tecnologias que ainda não foram inventadas, para resolver problemas que ainda não sabemos que serão problemas”.

Ao participar da provocante discussão levantada na palestra, percebemos como o contexto de ensino em geral está atrasado nessa missão de desenvolver competências necessárias para este cenário mencionado pelo professor. É preciso que o contexto educacional desenvolva pessoas que pensem, que desenvolvam a habilidade de buscar a essência, de separar o que é importante e útil daquilo que é descartável, enfim, que tenham “acuidade mental”, pois é esta habilidade que fará com que o ser humano esteja preparado para lidar com os desafios imprevisíveis hoje na formação.

Historicamente, ele dividiu a Educação em 3 fases:

  • Educação 1.0, vigorou até 1760 e tinha como objetivo ensinar o uso dos instrumentos, que eram como uma extensão do corpo do homem. O conhecimento era um meio.
  • Educação 2.0, vigorou de 1760 até 1990 e substituiu o esforço físico pelo esforço repetitivo. O conhecimento também era um meio.
  • Educação 3.0, começou após 1990 e substitui o esforço repetitivo e faz com que o conhecimento se torne um recurso.

Os desafios são enormes, pois esse novo cenário exige transformações radicais nas instituições de ensino, especialmente porque o aluno dessas instituições é radicalmente diferente dos alunos de antigamente. É preciso fazer com que o ensino esteja em sintonia com as habilidades que esses jovens possuem e que desenvolva as competências necessárias para que eles conquistem o seu espaço na sociedade atual. Nunca foi tão fundamental o conceito de relevância para a aprendizagem, pois o principal motivo do desinteresse dos jovens pela escola pode estar justamente no fato de estarem recebendo um sistema de ensino antiquado que não dialoga com as necessidades que possuem e que não se torna relevante do ponto de vista deles para o seu processo de aprendizagem.

Como consultor na área de educação, percebo que é realmente muito difícil conseguir realizar na prática essa contextualização do ensino, pois o elemento principal para essa transformação é o professor, que é frequentemente ignorado com relação à transformação atual, quando o foco fica mais voltado aos instrumentos tecnológicos, como iPads, internet e quadros interativos. É importante que toda instituição de ensino, seja de formação fundamental e média, seja de formação superior ou seja profissionalizante de cursos livres, desenvolva programas de treinamento de seus professores a fim de criar a cultura de aprendizagem contínua e de assimilação das necessidades e soluções que o mundo 3.0 nos apresenta. Apenas assim será possível realizar de fato essa transformação radical.

É por isso que, como proprietário de uma empresa que oferece cursos de ensino de línguas, sempre me preocupei em instituir soluções simples, mas que focam diretamente o aperfeiçoamento do quadro pedagógico, como reuniões semanais de debates, treinamentos contínuos com temas de relevância para os desafios do dia a dia, estímulo à especialização por meio do plano de carreira, reconhecimento dos projetos exitosos e convite à inovação. Só assim, acredito, uma empresa na área de educação conseguirá prosperar e atender os anseios da